Na contramão da crise, empresas encontram fórmulas para crescer

Pandemia levou empreendedores a investir em redes sociais e no aprimoramento de produtos; por outro lado, 75 mil empreendimentos fecharam as portas no país em um ano Com...

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Pandemia levou empreendedores a investir em redes sociais e no aprimoramento de produtos; por outro lado, 75 mil empreendimentos fecharam as portas no país em um ano

Com investimento na divulgação, Letícia Castro viu a produção de geleias crescer seis vezes na pandemia

Quando a pandemia do coronavírus chegou ao Brasil e o comércio não essencial foi fechado em Belo Horizonte, Nataly Sgoviah estava reformando um imóvel no bairro Santo Agostinho, na região Centro-Sul, para ampliar seu estúdio de beleza. Com o negócio parado, ela foi obrigada a se reinventar: decidiu usar os conhecimentos adquiridos em uma graduação de cosmetologia e desenvolveu uma linha de cosméticos naturais. “No início, eu mesma desenvolvia os produtos e os rótulos, montava as caixas manualmente. Mas rapidamente salões de beleza de outros Estados passaram a pedir nossos produtos, e eu já não conseguia mais atender a demanda. Contratei uma designer, e o produto ganhou uma embalagem profissional. Hoje, o faturamento chega a cerca de R$ 100 mil”, calcula a empresária.

Enquanto 75 mil estabelecimentos comerciais fecharam as portas em todo o país desde março do ano passado, segundo dados da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), ainda há casos de empresários como Nataly, que enxergaram as novas demandas do mercado e viram o faturamento crescer durante a pandemia. O estúdio de Nataly está novamente fechado por causa das atuais medidas de restrições, mas a marca de cosméticos criada por ela continua crescendo. Há um ano, ela tinha três funcionárias, mas, atualmente, já conta com 14. Outras seis pessoas devem ser contratadas neste ano para que ela possa dar conta dos processos de pedidos, manufatura e logística. A empresária também planeja ainda comprar um terreno na região metropolitana de Belo Horizonte para montar uma fábrica de cosméticos naturais.

O rápido crescimento em momento de crise, segundo a empresária de 30 anos, aconteceu porque ela soube ouvir as demandas da clientela. “Tentei pensar fora da caixa, escutei o que a minha audiência queria. Fui me adaptando e trazendo soluções para as demandas que elas me traziam. Comecei com pouco e fui reinvestindo o que ganhava no projeto, trabalhando de domingo a domingo”, destaca Nataly, que também ministra cursos pela internet.

Divulgação

Dona de uma marca de geleias, molhos e antepastos caseiros, Letícia Castro viu sua produção crescer seis vezes durante a pandemia do coronavírus. Quando percebeu que a crise sanitária havia derrubado os pedidos dos clientes em março do ano passado, ela resolveu investir em fotos profissionais dos produtos e deu um upgrade no trabalho desenvolvido nas redes sociais.

Hoje, a empresária tem parceria com cerca de 20 empórios em diversos Estados, que vão do Ceará a Santa Catarina. “A degustação foi um gargalo que tive com a pandemia. Então, tive que investir nas imagens e na criação de um site, o que permitiu que o meu negócio se abrisse para todo o país. Atualmente, meu foco é maior para os empórios, mas não deixo de lado os meus clientes do varejo”, afirma Letícia.

Segredo é escolher estratégias

Segundo o Sebrae Minas, alguns empresários viram seus negócios crescerem durante a crise porque adotaram estratégias diferentes e conseguiram ajustar operações, reduzindo custos. “Com as redes sociais, é possível alcançar mais pessoas com custo menor. É possível usar o WhatsApp como canal de atendimento e o Instagram como vitrine. Mas essas são apenas ferramentas, o empresário tem que saber ficar visível para o cliente de maneira inteligente”, explica.

Ao longo do últimos ano, as empresas foram compreendendo as novas demandas. “Na primeira onda, a preocupação era fazer com que os produtos chegassem ao consumidor. Hoje é importante o empresário entender que não basta só fazer o produto chegar, é preciso oferecer atenção e diálogo para o cliente, para o relacionamento continuar para um futuro modelo híbrido, de atendimento presencial e virtual”, diz Brandão.

Para quem usa o WhatsApp como ferramenta de divulgação, Brandão faz um alerta: “É preciso continuar mostrando os produtos, mas de forma não invasiva. Cada vez mais as pessoas são inundadas com mensagens de vendedores, e a atenção está diluída. As empresas mais bem-sucedidas são aquelas que conseguem falar com o cliente de forma ágil e equilibrada”.

Casal vê negócio bombar

O boca a boca virtual pode ser decisivo para que um pequeno negócio consiga driblar a crise gerada pela pandemia e, assim, incrementar as vendas. Um exemplo disso é o Rocambole do Célio, iniciativa criada pelo casal Célio Leite e Jaqueline Paiva em 2016 de forma despretensiosa. A ideia era vender rocamboles caseiros entre os vizinhos do bairro Castelo, na região da Pampulha, para garantir uma renda extra.

Durante a pandemia, o rocambole ganhou um novo contexto para o casal. O produto passou a receber elogios em um grupo do Facebook com mais de 80 mil participantes focado em restaurantes e afins da capital mineira, aumentando os pedidos nos últimos seis meses.

“Por causa do grupo, nós começamos a vender para pessoas de outros bairros. E dá certo, porque cada rocambole é único, fazemos de maneira caseira, com muito carinho”, diz Jaqueline, que, assim como o marido, trabalha há um ano em home office. Hoje o casal vende cerca de cem rocamboles por mês e garante um dinheiro extra para pagar as contas da casa. “E acaba sendo também uma forma de passar o tempo de maneira prazerosa”, diz.

Lojas virtuais

Cerca de 68% dos pequenos negócios mineiros vendem pela internet, segundo levantamento feito pelo Sebrae e pela Fundação Getulio Vargas.

Serviço

Sebrae Minas oferece duas oficinas online gratuitas sobre o uso do WhatsApp como ferramenta de marketing digital nesta quinta. Veja mais em loja.sebraemg.com.br

Fonte: www.otempo.com.br