O orgasmo é o pico do prazer sexual. Mas, para muitas mulheres, o clímax é difícil de ser atingido –muitas, inclusive, nunca conseguiram. “Toda mulher pode sentir e sabe reconhecer um orgasmo”, afirma Amaury Mendes Júnior, ginecologista, terapeuta sexual e professor do ambulatório de sexologia da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).
E continua: “As dificuldades começam a aparecer se ela foi reprimida durante a infância e a juventude e, por isso, não reconhece o seu corpo como fonte de prazer. Nesses casos, o estímulo do parceiro pode ser essencial para que ela se solte e seja feliz sexualmente”. 3
Fontes: Amaury Mendes Júnior, ginecologista, terapeuta sexual e professor do ambulatório de sexologia da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro); Paula Napolitano, terapeuta sexual e Walkíria Fernandes, terapeuta sexual.
Educação repressora
A primeira condição para que a mulher consiga atingir o orgasmo é o fato de encarar o sexo como algo bom, prazeroso e de seu direito. Se, na infância, foi ensinado a ela que o ato sexual é algo sujo e proibido, um bloqueio será formado. Assimilando desta forma, fica difícil haver entrega ao desejo e, com certeza, isso impedirá o orgasmo. Muitas vezes, a educação repressora leva a mulher a contrair disfunções sexuais, como o vaginismo (dor na penetração), já que não consegue se esquecer dos ensinamentos absorvidos na infância e na adolescência.
Não conhecer o próprio corpo
Não se conhecer sexualmente pode impedir que o orgasmo aconteça, já que você não sabe qual parte do corpo é mais sensível e o que traz prazer. A mulher não é tão estimulada a se masturbar quanto o homem, mas precisa entender que isso é fundamental. Só assim, explorando o corpo e se tocando, ela perceberá as sensações que lhe agradam. Quando a mulher sabe o que gosta, é capaz de mostrar ao parceiro como e onde prefere ser tocada. Além disso, durante a penetração, pode buscar o estímulo no clitóris, por exemplo, para levá-la ao orgasmo de maneira mais intensa.
Estresse
O sexo é algo que exige energia e entrega total para que a satisfação aconteça. E se a mulher está estressada, consequentemente, fica impaciente, cansada e pouco disponível para momentos de intimidade. Quando a relação sexual ocorre com a mulher nessas condições, dificilmente ela conseguirá se concentrar, devido às diversas coisas que ocupam sua cabeça e a excitação não acontecerá. O estresse ainda libera cortisol no corpo, substância que interfere em neurotransmissores responsáveis pelas sensações de prazer, como a dopamina e a endorfina. Assim, o desejo fica inibido, o que atrapalha na lubrificação vaginal e dificulta o orgasmo.
Pressão do parceiro
Para muitos homens, o orgasmo feminino é uma espécie de prêmio. E a pressão do parceiro sobre a mulher pode virar um problema para que ela alcance o clímax. A pressão é explícita e a mulher fica preocupada, agoniada, e acaba não conseguindo se entregar ao prazer. Quando o assunto é sexo, quanto mais tentamos chegar a uma resposta, mais longe ela fica. É preciso conversar sobre o tema, pois pode ser fruto de uma insegurança do homem que acha que, se a parceira não gozar, há algo de errado com ele.
Vergonha do próprio corpo
Esse problema vem acompanhado de baixa autoestima e, para ser feliz sexualmente, assim como em outros aspectos da vida, é preciso estar bem consigo mesma. Esse tipo de sentimento impede o orgasmo feminino, uma vez que a mulher, presa à insegurança, não conseguirá deixar a tensão de lado. A mulher que sente vergonha de ficar nua na frente do parceiro, quando fica, se retrai, não consegue aproveitar o ato sexual e alcançar a excitação. Consequentemente, não chegará ao orgasmo.
Falta de diálogo com o parceiro
Não ter liberdade e intimidade para falar sobre sexo com quem você tem relações sexuais pode inibir o orgasmo, pois não conseguir expressar o que lhe dá prazer deixa a mulher insegura e mais ansiosa. O diálogo costuma ser o maior afrodisíaco para a relação a dois, pois o casal fica mais próximo. Conhecer as preferências do par é um grande desafio e, nessa hora, a intimidade pode ser a grande aliada. Você pode se perguntar como gostaria que o seu parceiro falasse sobre isso ou demonstrar na hora da transa com o próprio corpo, usando as mãos, por exemplo.
Ciclo menstrual
Cada mulher reage de uma forma aos hormônios durante o mês, mas é quase certo que todas terão queda de libido durante a TPM (tensão pré-menstrual). A semana que antecede a menstruação é a pior para que se chegue ao orgasmo. E o motivo é simples: enquanto na ovulação os hormônios estão a toda –e a excitação também–, nessa fase eles entram em queda e o desejo sexual vai junto. Além disso, a perda de serotonina e endorfina, hormônios do bem-estar, trazem variação de humor e concentração, entre outras coisas, como displasia (dor nas mamas) e retenção de líquido, que podem tornar o sexo doloroso.
Experiências negativas
Abuso sexual ou moral pode dificultar o orgasmo feminino no futuro. Depois de passar por experiências ruins, a autoestima diminui e desencadeia disfunções sexuais, como consequência do medo de repetir o que passou. Muitas mulheres chegam ao consultório achando que o problema é físico, por não conseguirem atingir o clímax e, na verdade, é emocional. Outra consequência é passar a fingir o orgasmo sempre, por achar que não vai conseguir, já que naquela vez, no passado, foi ruim e não aconteceu. Quando a mulher finge o orgasmo, fica mais preocupada em mostrar ao parceiro que está se satisfazendo do que em tirar proveito das suas reais sensações. A excitação e o orgasmo dependem da entrega ao ato sexual. Se é algo fingido, ela não está se entregando, está apenas representando.
Ansiedade
A ansiedade mais comum na área da sexualidade é em relação ao próprio desempenho na cama, ligada também à preocupação de o orgasmo acontecer ou não. Esse tipo de angústia pode dificultar a vida sexual de maneira geral, mas ficar pensando se você vai conseguir chegar ‘lá’ a impede de se concentrar e sentir a excitação. Dessa forma, a chance de não atingir o que tanto anseia acaba sendo muito grande.
Remédios e álcool
Alguns anticoncepcionais e antidepressivos podem ter como efeito colateral a queda do desejo sexual, mas é algo muito particular. Por isso, é fundamental o acompanhamento médico. Sempre que o uso de medicamentos constantes for necessário, é importante o período de adaptação. E se influenciar nas respostas sexuais, verifique com o especialista se o remédio pode ser substituído. Já o álcool interfere no sistema nervoso central, diminuindo a ação dos hormônios responsáveis pelo prazer, o que dificulta a lubrificação e o orgasmo.