Prefeito ouve demandas apresentadas pela Apae Itabira

A equipe da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) de Itabira recebeu o prefeito Marco Antônio Lage para apresentar os serviços disponíveis e as principais demandas para...

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A equipe da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) de Itabira recebeu o prefeito Marco Antônio Lage para apresentar os serviços disponíveis e as principais demandas para continuidade dos trabalhos. A reunião aconteceu na manhã desta quarta-feira (30), com a participação do deputado estadual Bernardo Mucida Oliveira, dos secretários municipais Luziene Aparecida Lage (Educação) e Elson Alípio Júnior (Assistência Social) e dos vereadores Júber Madeira Gomes e Carlos Henrique de Oliveira.

A presidente da instituição, Maria Raimunda Lacerda Sobrinho, agradeceu à Prefeitura por manter a parceria, já que as doações são variáveis e incertas. “Vocês simbolizam os amigos da Apae por abraçarem esta causa, pois é uma missão. Temos atividades que continuam, mesmo com a pandemia, e as arrecadações caíram”, comentou.

Atualmente, 76 alunos estão matriculados na instituição. Por causa da pandemia do novo coronavírus (Covid-19), materiais específicos conforme a necessidade de cada um são preparados, entregues e recolhidos nas residências dos alunos, já que a maioria não tem acesso à internet. O suporte é oferecido pelos professores por telefone. Foi apontado que, em alguns casos, a Apae é o único espaço de convivência dos estudantes que estão ansiosos pela volta das atividades presenciais: houve uma mãe que precisou mostrar as salas de aula vazias ao filho para convencê-lo de que os colegas não estão lá.

Pensando neste retorno, a Apae já providenciou a substituição das janelas nas salas para maior ventilação dos ambientes. Foi apontada a necessidade de manutenção dos ônibus e carros que são utilizados para transporte dos alunos. Também será discutido o formato de atendimento presencial, já que os veículos e as salas de aula terão capacidade limitada.

Aqueles que concluem o ensino fundamental, possuem idade superior a 18 anos e têm alto nível de dependência passam a ser atendidos no Centro Dia. O serviço busca desenvolver a autonomia e a independência de quem possui deficiência múltipla, intelectual ou autismo. Das 208 pessoas abrangidas pelo serviço, 95% possuem dependência acentuada de familiares para atividades diárias – alimentação, higiene pessoal e uso de medicamentos, por exemplo.

Mesmo com a pandemia, os atendimentos na área da saúde continuaram, conforme os direcionamentos da Gerência Regional de Saúde (GRS). No momento, são atendidos 391 usuários de Itabira e cidades da região (como Ferros, Itambé e São Gonçalo do Rio Abaixo, por exemplo), sendo que 170 passam por atendimentos ambulatoriais, sem vínculo com a instituição. Para atendimento na Apae, é necessário ser encaminhado por uma junta reguladora que funciona no Centro de Reabilitação da Prefeitura. Cerca de 80 pessoas, de diferentes idades, estão na fila de espera.

A Apae Itabira é credenciada pelo governo estadual a oferecer os Serviços Especializados de Reabilitação em Deficiência Intelectual (Serdi), voltados às pessoas com deficiência intelectual e transtorno do espectro autista. Entretanto, é exigido que a equipe tenha um médico contratado que cumpra carga horária semanal: hoje, o atendimento é feito uma vez por semana por médico voluntário. Essa foi uma das demandas apresentadas ao prefeito Marco Lage.

Com o Programa de Intervenção Precoce Avançado (Pipa), o local também atende neonatos de risco. Elas são acompanhadas por dois anos: após este período, recebem alta ou, se tiverem déficit de desenvolvimento, são encaminhadas para o serviço de estimulação na própria Apae. Como a demanda de crianças que necessitam deste serviço é baixa no município, a Apae recebe menos recursos financeiros (cerca de R$ 2 mil a menos por mês).

Há ainda 17 pessoas atendidas no Serviço de Acolhimento Institucional Casa Lar, mantido em parceria com a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social (Sedese). O local acolhe pessoas com deficiência que não alcançaram condições de autonomia e/ou reintegração na família de origem, extensa ou substituta, permanecendo sob cuidados do Estado. Também possui egressos da antiga Fundação Bem-Estar do Menor (Febem).

Outra dificuldade apontada pela equipe da instituição foi a queda de doações durante a pandemia. Elas geralmente são feitas por pessoas físicas por meio das contas de água, luz, contracheque de algumas empresas ou mensageiro/motoqueiro enviado pela Apae. A principal fonte de receita provém de convênios com a Prefeitura (cerca de R$ 1,1 milhão/ano), mas a despesa anual fica em torno de R$ 3 milhões.

Bernardo Mucida colocou seu gabinete à disposição para auxiliar nas demandas. “O Apae é feito de muita doação e de muitos parceiros. Quero contribuir para esta causa. Contem comigo no que puder ajudar”. Júber Madeira comentou: “não tenho dúvidas que, ao lado do governo municipal, a Câmara de Itabira estará à disposição para contribuir com algum instrumento legal para potencializar as condições da Apae”. Carlos Henrique parabenizou a instituição pelo carinho com as pessoas atendidas e reforçou o apoio disponibilizado pelo Legislativo.

O prefeito manifestou a admiração pela Apae e ressaltou que a instituição é de fundamental importância para a sociedade. Também ofereceu o apoio da Prefeitura para solicitar à Secretaria de Estado de Saúde (SES), via ofício, a revisão quanto à verba obtida pelo programa Pipa, já que o baixo número de crianças neonatas que necessitam do serviço é um indicador positivo. O governo municipal analisará meios de oferecer incentivo às empresas que fizerem doações financeiras à Apae e também auxiliará na campanha de divulgação para captação de recursos junto às pessoas físicas e jurídicas.

“É impossível uma cidade como Itabira viver sem uma Apae ativa. Ela atende dezenas de famílias e queremos que seja, cada vez mais, referência regional. É preciso orçamento para tocar o barco e fazer o serviço de excelência. O espírito de voluntariado, abraçando a causa com amor, é o principal ingrediente, mas sem recursos não adianta”, comentou. Marco Lage apontou também a necessidade de um mapeamento sobre a quantidade de famílias que ainda não são assistidas, para que o Município e a instituição saibam qual é a demanda reprimida.