Ponto do marido depois do parto: episiotomia é violência é obstétrica

Pesquisas mostram que 53,5% das mulheres que têm seus bebês via vaginal são submetidas à episiotomia. Negada por profissionais humanizados, ela ainda é feita como procedimento de rotina...

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Pesquisas mostram que 53,5% das mulheres que têm seus bebês via vaginal são submetidas à episiotomia. Negada por profissionais humanizados, ela ainda é feita como procedimento de rotina dentro do sistema obstétrico padrão.

ponto do marido

Você já ouviu falar na episiotomia? Trata-se de um corte abaixo da vagina que serviria para evitar que a passagem da criança causasse um rasgo entre a vagina e o ânus. É uma prática corriqueira no Brasil, onde 53,5% dos partos normais são feitos com episiotomia. O corte no períneo não tem evidências científicas que provem sua necessidade, além de não poder ser feito sem a autorização das mulheres. Infelizmente, nada disso impede que ele ocorra naturalmente, seguido do polêmico “ponto do marido“.

O “ponto do marido” é um ponto que se faz ao término da sutura de uma episiotomia, onde se ‘aperta’ a entrada da vagina, com o intuito de torná-la mais estreita, teoricamente aumentando a satisfação sexual do homem.

Este hábito dos maus obstetras, é uma das formas mais machistas de violência obstétrica. Os resultados são vidas sexuais arruinadas. De acordo com uma reportagem do The Intercept que contou com uma entrevista com seis mulheres, os efeitos colaterais são dor, ardência durante o sexo. Além disso, o também conhecido “pique” pode causar lesão de nervos na região, perda da elasticidade normal da vagina – em decorrência da fibrose que se forma e o estreitamento excessivo da entrada da vagina.

Corte no períneo é ultrapassado

epistomia

O Ministério da Saúde e a Organização Mundial da Saúde orientam que a episiotomia não deve ser prática de rotina. A OMS reconheceu que “não há nenhuma evidência que prove a necessidade da episiotomia em qualquer situação”. A organização ressaltou que a taxa do corte ainda é alta em países como o Brasil pela falta de acesso às novas pesquisas científicas sobre o assunto e pela relutância dos profissionais em abandonar o velho hábito – que eles acreditam facilitar o parto para eles e ser mais seguro e fácil de resolver do que um rasgo espontâneo. Mas desde os anos 90 – quando a OMS ainda recomendava que o corte fosse feito em até 10% dos casos – há médicos que classificam a prática como uma “verdadeira mutilação genital feminina”.

Permissão é necessária

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O Código de Ética Médica proíbe procedimentos cirúrgicos sem autorização, exceto para evitar risco de morte. De acordo com a reportagem feita pelo The Intercept, sem autorização, o corte pode ser considerado crime de lesão corporal e de constrangimento ilegal, uma violação do artigo 146 do Código Penal, de acordo com a procuradora da República Ana Previtalli e a advogada Priscila Cavalcanti, especialista em violência obstétrica.

Veja aqui o vídeo polêmico publicado pelo The Intercept onde médicos perguntam a um marido se ele quer uma vagina ” P, M ou G”. O marido, indignado, respondeu que queria “GG”. O médico então riu, disse que depois ele ficaria “reclamando”. Assista: